Migrantes nordestinos ainda são maioria na Região Metropolitana de São Paulo

Estudo da Fundação Seade publicado no boletim 1ª Análise n. 18 analisa a migração na Região Metropolitana de São Paulo – RMSP e traça o perfil sócio demográfico dos migrantes recentes, com menos de três anos na região. Também são identificadas diferenças entre a população residente na Região Metropolitana desagregada em três grupos: migrantes recentes; migrantes residentes há mais de três anos; e população não migrante.

A análise tomou como base uma fonte alternativa de informação sobre migração, a Pesquisa de Emprego e Desemprego – PED, realizada pela Fundação Seade e pelo Dieese. A PED, uma pesquisa por amostra domiciliar, tem como objetivo analisar o mercado de trabalho na RMSP. Mesmo não se tratando de levantamento destinado à avaliação das tendências migratórias, as informações coletada sem seu questionário permitem identificar alguns elementos de interesse relacionados aos movimentos migratórios, como local de residência anterior, tempo de residência, naturalidade, sexo, idade, condição de escolaridade, entre outros.

Os dados da PED mostram desaceleração na chegada de migrantes recentes para a RMSP, no período 2000-2013, principalmente entre aqueles com menos de um ano de residência. A participação dos migrantes recentes na principal área metropolitana do país vem se reduzindo paulatinamente, o que confirma as hipóteses das projeções populacionais elaboradas pela Fundação Seade.

Em 2000, a RMSP contava com 7,8 milhões de migrantes, que representavam 43,8% do total populacional, enquanto os não migrantes (aqueles que sempre residiram na região e os que migraram de um município para outro dentro da própria RMSP) correspondiam a 56,2%. Transcorridos 13 anos,o volume de migrantes diminuiu para 7,4 milhões de pessoas, respondendo por 36,9% da população regional.

Por outro lado, o contingente de não migrantes passou de 10 milhões de pessoas, em 2000, para 12,7 milhões, em 2013, ampliando para 63,1% sua participação no total populacional. Os migrantes que residem há mais de dez anos na RMSP apresentaram tendência mais acentuada de redução a partir da segunda metade dos anos2000, apesar de sua participação na população total quase não variar no período analisado: 31,0% em 2000 e 29,8% em 2013. Os migrantes que residem entre 3 e 9 anos seguem tendência declinante, com sua participação relativa diminuindo pela metade: de 8,7% para 4,5%, entre 2000 e 2013.

Os migrantes residentes há menos de três anos, denominados aqui como migrantes recentes, registraram retração ainda maior (27,3%), passando de746 mil para 542 mil pessoas, neste período, e reduzindo seu peso relativo de 4,2% para 2,7%.

Segundo os dados, a participação dos migrantes recentes vem diminuindo, principalmente entre aqueles com menos de um ano de residência na RMSP. Esses migrantes, que poderiam ser considerados recém-chegados à metrópole, representavam 1,8% do total populacional em 2000, proporção que aumentou para 2,1% em 2001. A partir daí, sua participação seguiu tendência sempre declinante, até alcançar 1,1% no último ano analisado. Em termos absolutos, o decréscimo correspondeu a 30,2%, ao passar de 315,4 mil para 220,1 mil pessoas, entre 2000 e 2013.

Em 2013, houve redução dos migrantes recentes interestaduais, que totalizaram aproximadamente 427 mil pessoas, mantendo sua participação nos totais dos deslocamentos para a RMSP: 78,7%. Verifica-se decréscimo na participação relativa dos migrantes vindos de outras regiões brasileiras, com exceção daqueles procedentes do Nordeste (58%). A participação dos migrantes originários dos municípios do interior do Estado de São Paulo também diminuiu de 19,7% para 15,6%, entre 2000 e 2013. Embora os migrantes de outros países não sejam tão representativos quanto os nacionais, os dados mostram uma participação relativa ascendente na RMSP, elevando-se de 3,7% para 5,7% do total de migrantes recentes, entre 2000 e 2013.

Em 2013, dos 542 mil migrantes recentes que residiam na RMSP, 84,2% possuíam menos de 40 anos, indicativo de uma estrutura etária relativamente jovem. Entre esses, 34,9% estavam na faixa etária de 15 a 24 anos. Aproximadamente 77% encontram-se nas idades potencialmente ativas, entre 15 e 59 anos, o que referenda a hipótese de que, entre outros motivos, os deslocamentos populacionais acompanham as oportunidades de emprego e renda. Apenas 4,4% dos migrantes recentes integravam o grupo com idades superiores a 60 nos.

A composição dos migrantes recentes segundo o sexo revela, em 2013, equilíbrio entre homens (49,6%) e mulheres (50,4%), correspondendo a uma razão de sexos de 98,5 homens para cada 100 mulheres. Já entre os migrantes com mais de três anos de residência, há maior presença de mulheres em relação aos homens: 55,5% contra 44,5%, respectivamente, indicando uma razão de sexos de 80,2 homens para cada 100 mulheres, bem inferior à observada para os migrantes recentes.

As informações sobre condição de escolaridade indicam que, em 2013, apenas 5,2% dos migrantes recentes eram analfabetos e sem escolaridade; entre aqueles residentes há mais de três anos na região, essa participação correspondia a 7,3%, enquanto para os não migrantes apenas 1,1% encontravam-se nesta condição. Quando se analisa o grupo que não concluiu o ensino fundamental, observam-se diferenças que merecem ser destacadas. Entre os migrantes recentes, 26,6% estavam nesta situação, proporção que aumenta substancialmente entre os migrantes residentes há mais de três anos (40,2%) e diminui entre os não migrantes (14,4%).

Por outro lado, para o contingente com ensinos fundamental completo e médio incompleto, não se evidenciaram diferenças acentuadas entre os migrantes segundo tempo de residência – 17,1% para os recentes e 16% para os residentes há mais de três anos – e os não migrantes (13,5%). Parcela importante dos migrantes concluiu o ensino médio, mas não chegou ao final do ensino superior: 38,4% para os recentes; 28,1% entre os residentes há mais de três anos e 49,4% para os não migrantes.

 

Assessoria de Comunicação da Fundação Seade

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