Estudo traça perfil do homem desempregado na RMSP

A taxa de desemprego dos negros era cerca de 60% superior à dos não negros, em 1985/1986, diferença que diminuiu para 50%, em 1999/2000, e para 30%, no biênio 2012/2013.

Para celebrar as três décadas de realização da Pesquisa de Emprego e Desemprego na Região Metropolitana de São Paulo – PED/RMSP, a Fundação Seade apresenta uma série de pequenos estudos com o objetivo de demonstrar tendências e mudanças de inserção no mercado de trabalho de segmentos específicos da população. Com tal propósito, o terceiro desses estudos aborda o perfil do homem desempregado.

De acordo com o estudo, nesses últimos 30 anos, com relação à faixa etária, notou-se forte redução da proporção de desempregados entre as crianças e adolescentes de 10 a 15 anos, movimento reforçado pela crescente valorização das famílias em relação ao aumento da escolarização, pelas políticas de combate ao trabalho infantil e pela legislação e fiscalização que proíbe o trabalho para pessoas de até 15 anos, exceto na situação de aprendiz.

A permanência da elevada proporção dos jovens desempregados de 16 a 24 anos durante todo o período da pesquisa reflete as tradicionais dificuldades dessa parcela da população de se inserir no mercado de trabalho, cada vez mais exigente em termos de escolarização e capacitação profissional.

Complementarmente, observa-se acentuado aumento da proporção dos adultos de 25 a 39 anos e de 40 a 49 anos no total dos desempregados e, em menor medida, das parcelas das faixas etárias superiores, reflexos do envelhecimento da população e das maiores responsabilidades no orçamento familiar que ainda pesam sobre essas pessoas.

Talvez mais do que qualquer outro indicador, aquele que mostra a proporção dos homens desempregados segundo nível de escolaridade seja o que mais expressa as transformações por que vem passando o mercado de trabalho regional. A forte redução da participação, no total de desempregados, dos analfabetos ou com o ensino fundamental incompleto revela a elevação do nível de escolaridade da população.

Em sentido contrário, os aumentos das proporções dos desempregados nos níveis mais altos de escolaridade, além de refletirem a ampliação geral do nível de escolaridade da população, também decorrem da manutenção em elevado patamar da sua presença na força de trabalho da região, embora apresentem menores taxas de desemprego em relação àqueles de menor nível de instrução, o que reforça a percepção da importância da escolaridade para a inserção no mercado de trabalho.

Com relação ao atributo raça/cor dos homens desempregados, a taxa de desemprego dos negros era cerca de 60% superior à dos não negros, em 1985/1986, diferença que diminuiu para 50%, em 1999/2000, e para 30%, no biênio 2012/2013.

As informações sobre as mudanças no perfil dos homens desempregados da RMSP, nas três últimas décadas, chamam a atenção não só para a importância do crescimento econômico no sentido de constituir uma sociedade mais inclusiva e com oportunidades de trabalho para uma população cada vez mais adulta e escolarizada, mas também para a necessidade de políticas públicas que garantam condições mínimas para uma inserção digna no mundo do trabalho, em especial as relacionadas às melhorias na educação e capacitação profissional.

 

Assessoria de Comunicação da Fundação Seade

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