Mortes de recém-nascidos ocorrem mais em áreas específicas da RMSP

Estudo da Fundação Seade analisa os óbitos de crianças cujas mães eram residentes na Região Metropolitana de São Paulo – RMSP. Nos últimos anos, apesar da mortalidade infantil ter diminuído acentuadamente nesta área – passou 28,3 óbitos por mil nascidos vivos para 11,6 entre 1992 e 2012 –, ainda permanecem diferenças importantes entre os vários grupos populacionais.

Pelo estudo, os dados das mortes de crianças de até um ano de idade foram separados em dois grupos: óbitos neonatais precoces (crianças com menos de uma semana de vida) e pós-neonatais (crianças com 28 dias até menos de um ano). Os óbitos neonatais precoces representam 50% do total dos óbitos infantis, sendo que as causas perinatais e as malformações congênitas respondem por 99,2% deles. Já aqueles ocorridos no período pós-neonatal correspondem a 30% dos óbitos infantis e têm as malformações congênitas como a mais importante causa de morte (26,9%), seguidas pelas doenças do aparelho respiratório (15,7%) e as infecciosas e parasitárias (14,3%). Em 2012, foram registrados 3.676 óbitos infantis na RMSP, sendo 1.992 na capital e 1.684 nos demais municípios.

As ações para reduzir a mortalidade neonatal precoce englobam cuidados durante o pré-natal, o parto e logo após o nascimento. Já aquelas necessárias no pós-neonatal incluem, além destas mesmas medidas, ações voltadas para o saneamento básico e a urbanização.

Os óbitos neonatais precoces ocorrem nas extremidades do município de São Paulo. Há elevada concentração das mortes em espaços muito específicos da metrópole, como no entorno dos distritos da Brasilândia, Jardim Ângela e na divisa do Grajaú com Taboão da Serra. Na zona leste, há maior presença nos distritos de Guaianazes e São Mateus.

Quanto aos óbitos do período pós-neonatal, existe apenas uma concentração mais importante, também no sudoeste da RMSP (divisa dos distritos de Capão Redondo com Jardim Ângela). Há uma segunda presença bem menor na parte norte da capital, na divisa dos distritos de Vila Nova Cachoeirinha e Brasilândia.

Essa repetição da concentração nas regiões sudoeste e norte da RMSP mostra uma soma de carências que demandam atenção especial nos programas governamentais. Nesses locais, deficiências da política de saúde somam-se às condições habitacionais mais precárias, produzindo clara relação com os óbitos infantis.

Diversos estudos mostram que a taxa de mortalidade das crianças que nasceram com peso inferior a 1.500 gramas é mais de dez vezes superior à daquelas nascidas com peso entre 2.500 e 4.000 gramas. O desafio, portanto, é detectar os fatores que estão levando as crianças a nascerem com peso tão baixo, o que aumenta de forma expressiva seu risco de morte. Como se sabe, para remediar esse tipo de situação, torna-se necessário aperfeiçoar constantemente o sistema de atendimento ao pré-natal, de modo a antecipar e corrigir diversos problemas durante a gestação.

Na Região Metropolitana de São Paulo, as localidades onde ocorreram mais óbitos infantis relativos às mães que frequentaram menos de quatro consultas de pré-natal – considerado um número insuficiente para o bom desenvolvimento da gestação – são as mesmas citadas anteriormente.

Segundo as estatísticas do Seade, em 2012, 47% das crianças que morreram com menos de um ano de idade, na RMSP, tinham peso igual ou inferior a 1.500 gramas.

Mais uma vez, as três concentrações mais importantes dos óbitos de crianças com baixíssimo peso ao nascer são muito semelhante à configuração dos óbitos neonatais precoces. Ou seja, a primeira na zona leste, seguida da norte e da sudoeste da RMSP. Há ainda uma quarta concentração, menor, nos distritos na parte sul da capital e outras secundárias no oeste da região.

Assim, as principais concentrações de crianças que nasceram com peso muito baixo dão pistas importantes de locais que poderiam ser objeto de ação mais focada por parte das autoridades públicas.

 

Assessoria de Comunicação da Fundação Seade

 

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