Pesquisa do Seade analisa a localização de sedes de grandes empresas

Estudo da Fundação Seade analisa a importância da presença de sedes de grandes grupos empresariais para a dinâmica econômica das metrópoles brasileiras, em particular a Região Metropolitana de São Paulo – RMSP.

A sede de uma organização, além de ser uma figura jurídica, caracterizada formalmente para fins tributários e legais, é também o local onde usualmente está localizado o centro de comando da organização, assim como o eixo daquelas unidades corporativas que precisam estar próximas a esse comando: finanças, jurídico, marketing, vendas, compras, pesquisa e desenvolvimento e tecnologia de informação.

O impacto da localização das sedes de grandes grupos econômicos do ponto de vista metropolitano pode ser mais bem compreendido por meio de dois argumentos principais:

• a presença de um número substancial de sedes de grandes empresas em determinada metrópole ensejaria a concentração nesse local de elevado número de profissionais com alto nível técnico e salários muito maiores do que a média, permitindo o desenvolvimento e a sofisticação do setor de serviços pessoais dessas localidades (hospitais e clínicas; escolas e universidades; restaurantes; academias e clubes; shopping centers, etc.). Quando essa metrópole – como é comum no caso do Brasil – é também a sede de governos (federal ou estadual), tal efeito tende a ser ampliado;

• a existência de sedes de grupos econômicos também implicaria maior aglomeração dos chamados serviços de apoio à gestão e produção. Destacam-se, nesse caso: as empresas voltadas para serviços financeiros, que precisam interagir cotidianamente com a área financeira das grandes organizações; os grandes escritórios de advocacia, que representam legalmente tais organizações e necessitam interagir de modo recorrente com a alta administração e a área jurídica; as agências de publicidade e outras empresas desse segmento (como as de pesquisa de mercado e produtoras de vídeo), que prestam serviços regulares para os departamentos de marketing e comunicação; e as empresas de tecnologia da informação, que têm papel crescente na provisão de serviços para organizações de grande porte, cada vez mais dependentes desses serviços, devido tanto à difusão das tecnologias de comunicação e informação, quanto à maior dispersão espacial dessas organizações. Finalmente, vale também mencionar o crescente papel das empresas de consultoria, que cobrem diferentes áreas da gestão empresarial (estratégia, contabilidade, logística, etc.).

Para examinar a distribuição espacial das sedes dos grandes grupos econômicos brasileiros, foram utilizadas as estatísticas elaboradas pela publicação Valor Econômico (2013), que compila – a partir de informações de balanço – a localização, o setor de atividade principal e a receita bruta dos principais grupos empresariais com sede no Brasil.

Em geral, as maiores organizações estão localizadas nas capitais brasileiras do Sul e Sudeste, principalmente São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre e Curitiba. O Distrito Federal é a única localidade que se destaca fora dessas regiões, por concentrar empresas estatais. Existem também algumas poucas sedes situadas em outros centros regionais no Sul e Sudeste do país (como Caxias, Joinville, Campinas e Uberlândia), bem como dispersas por capitais (e poucas cidades do interior) do Nordeste e Centro-Oeste. Não foram registradas sedes de grandes grupos econômicos na Região Norte.

A RMSP contava com a maior aglomeração de sedes de grandes corporações, no Brasil, abrigando 98 grupos empresariais em 2012, 49% do total observado. A esse conjunto correspondia uma receita bruta superior a R$ 1,5 trilhão, metade do valor total capturado por essas estatísticas.

As organizações representadas nesse conjunto pertenciam a uma diversificada gama de setores de atividade (industrial, comercial, serviços e financeiro), destacando-se, porém, uma importante concentração das maiores empresas do setor financeiro, como mencionado anteriormente. A maioria dos grupos econômicos com sede em São Paulo era de capital privado, com importante presença de organizações multinacionais, como Unilever, IBM e Ambev. Grupos nacionais de grande porte, como Camargo Correa, Ultra, JBS, Cosan, Suzano e Votorantim, também estão sediados na região. Em média, as empresas localizadas na RMSP apresentaram receita bruta de R$ 15 bilhões, em 2012.

O município de São Paulo era o grande polo concentrador das sedes dessas organizações, com 44% do total de corporações registradas e 41% do valor da receita bruta declarado por elas. No interior da RMSP, Barueri – com quatro sedes – começa a se destacar como um polo alternativo à capital, em um processo de aglomeração que passou a ser observado nos últimos 20 anos. Também chama atenção a localização do grupo Bradesco em Osasco que, por seu grande porte econômico, apresenta provavelmente forte impacto para a economia local.

O segundo grande grupamento de sedes de corporações existente no Brasil, em 2012, era a Região Metropolitana do Rio de Janeiro (RMRJ), que contava com 28 empresas (14% do total) e uma receita bruta total de R$ 745 bilhões (25%). Fortemente concentrado na cidade do Rio de Janeiro, com 27 das 28 organizações consideradas, o polo da RMRJ caracteriza-se por uma maior receita bruta média (26,6 bilhões).

Cabe notar que as duas maiores empresas brasileiras (Petrobras e Vale) têm sede nessa metrópole, influenciando de modo importante a receita média do polo. Juntas, essas empresas agrupavam mais da metade de toda a receita bruta comandada pela RMRJ.

Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba e Brasília eram as outras regiões metropolitanas que concentravam mais do que cinco sedes de grandes grupos econômicos.

 

Assessoria de Comunicação da Fundação Seade

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