Conferência debate desafios comuns às metrópoles mundiais
Pela primeira vez na história a população urbana mundial é maior que a rural, e boa parte destas pessoas vive em grandes metrópoles. Como enfrentar os problemas comuns relacionados a estas aglomerações, como a violência, a dificuldade de transporte, os danos ao meio ambiente?

Em busca de respostas para estas questões, autoridades e especialistas de todo o mundo se reuniram em São Paulo, entre os dias 7 e 9 de abril, na Conferência de Regiões Metropolitanas. O encontro foi organizado pelo Governo do Estado e co-patrocinado pela Metropolis [Associação Mundial de Grandes Metrópoles].

"São grandes desafios, mesmo para os países com renda mais alta e mais estruturados", disse o vice-governador de São Paulo, Alberto Goldman, na abertura do evento. Para Marie Pierre de la Gontrie, primeira vice-presidente da Région Ile-de-France, as conferências têm como proposta reforçar a solidariedade e a cooperação entre as metrópoles.

Richard Burdett, da London School of Economics, apontou em sua apresentação que, mantido o ritmo de crescimento previsto, a parcela da população mundial vivendo em cidades chegará a 95% em 2050. Para o professor, é necessário planejar o desenvolvimento e criar áreas democráticas nas cidades, eliminando as barreiras entre ricos e pobres.

O arquiteto e ex-prefeito de Curitiba, Jaime Lerner, defende um tratamento de "acupuntura" para as grandes cidades. "Trata-se de uma atuação rápida e em pontos focais", disse. Além disso, segundo Lerner, qualquer cidade deve levar em consideração três componentes ao pensar em seu planejamento urbano: mobilidade, sustentabilidade e coexistência.

Considerada modelo de planejamento urbano, Curitiba tem um sistema de transporte coletivo copiado por diversas metrópoles mundiais e é a cidade com o mais alto índice de separação de lixo do mundo: entre 60% e 70%. O projeto teve início há quase 20 anos e é ensinado nas escolas.

Transportes

Metrô, ônibus, bicicleta: qual o melhor meio de transporte para as grandes cidades? Não há uma resposta única para esta pergunta. Cada metrópole deve buscar o seu próprio caminho. Curitiba e Bogotá, por exemplo, optaram pelo ônibus. "As cidades devem deixar de investir em infra-estrutura para carros e oferecer transporte público de qualidade", defendeu Enrique Penalosa, ex-prefeito de Bogotá. Para o colombiano, construir mais vias não é a solução para os congestionamentos.

Em São Paulo, o Governo do Estado prevê investimentos de R$ 17 bilhões no metrô e nos trens até 2010. Segundo o secretário de Transportes Metropolitanos, José Luiz Portella, a frota da CPTM ganhará 99 trens. Além disso, 240 quilômetros das linhas terão qualidade de metrô, ou seja, serão mais confortáveis e rápidas.

Segurança

"Uma cidade ou um país sem segurança não pode ser competitivo", defende Hugo Acero, da Colômbia. Não é à toa que a segurança está no topo das preocupações das metrópoles, e muitas já encontraram formas criativas de reduzir seus índices de criminalidade. O Rio de Janeiro aposta no envolvimento da sociedade, e investe em cursos de qualificação para policiais e para a comunidade, segundo o Tenente Coronel Robson Rodrigues da Silva, vice-presidente do Instituto de Segurança Pública do Rio de Janeiro. No Complexo do Alemão, uma das maiores favelas da capital, o poder público tenta identificar os fatores de violência, com a ajuda de educadores, para construir uma agenda local e implantar um Conselho de Segurança.

Em São Paulo, o governo estadual conseguiu reduzir os homicídios de 36 por 100 mil habitantes em 1999 para 11,8 por 100 mil em 2007. Segundo o secretário de Estado de Segurança Pública, Ronaldo Marzagão, a principal arma usada nesta guerra foi o programa Inteligência Policial, que ampliou a eficiência e a integração entre as polícias.

Outra iniciativa que se mostrou eficaz foi a Virada Social, projeto que une prevenção à inclusão social. O primeiro bairro testado foi o Jardim Elisa Maria, na capital, que apresentava índices preocupantes de criminalidade. Após a chamada Operação Saturação, que consiste na ocupação do espaço por forças especiais da polícia por um período de 90 dias, é feito um trabalho integrado, com atividades de lazer, atendimento à saúde e de assistência social. "O local é depois devolvido à população com policiamento comunitário", explica Marzagão. O bairro registrou queda de 63% nos homicídios.


Assessoria de Imprensa da SEP

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