A Fundação Seade divulgou, no dia 4/02, os resultados da Pesquisa de Investimentos Anunciados no Estado de São Paulo [Piesp], para o primeiro semestre de 2009. A Piesp permite identificar tendências da atividade econômica no Estado de São Paulo, através de anúncios de novos investimentos produtivos divulgados pelas empresas.
A Piesp identificou 300 anúncios de investimentos no primeiro semestre do ano passado, num total de cerca de US$ 10 bilhões, montante quase 37% inferior ao apurado em igual período de 2008, quando o país crescia em ritmo intenso. A confiança dos empresários na economia ainda não retornou ao nível anterior à crise, disse diretor de produção e disseminação de informações, Sinésio Pires Ferreira.
A comparação trimestral, porém, mostra sinais de que os investimentos produtivos no Estado começam a reagir aos efeitos da crise global. O total anunciado entre abril e junho foi praticamente o dobro do registrado no primeiro trimestre e significou alta de 150% em relação aos três meses finais de 2008. Cabe ressaltar que o volume de recursos anunciados em 2009 é preliminar.
Do total de anúncios, quatro somaram 41% dos recursos, todos relacionados a investimentos em infraestrutura. O maior volume foi para a Telefônica: US$ 1,2 bilhão para a ampliação da rede de telefonia fixa no Estado e lançamento de novos produtos e serviços. Também superior a US$ 1 bilhão foi o anúncio da Sabesp, destinado à terceira etapa do projeto de despoluição do rio Tietê. Os outros dois são expansão e melhoria de estradas paulistas sob concessão privada: corredor D. Pedo I, administrado pela Rota das Bandeiras, e o Corredor Raposo Tavares, pela Concessionária Auto Raposo Tavares-Cart.
Tendências Setoriais A distribuição dos valores dos investimentos anunciados, por setor de atividade econômica, mostra declínio generalizado em relação ao primeiro semestre de 2008, embora os serviços e a indústria tenham mantido suas posições de liderança. Para os serviços, foram anunciados US$ 6,8 bilhões, mais que o dobro da indústria - US$ 3,0 bilhões. No caso do comércio, foram anunciados US$ 3,7 bilhões, ao passo que para o agregado outros não se anunciaram inversões.
Segmentos Na indústria, os segmentos com valores anunciados foram captação, tratamento e distribuição de água e eletricidade, gás e água quente. Nos serviços, destacaram-se os de outros transportes terrestres [rodovias], telecomunicações, atividades imobiliárias, atividades auxiliares dos transportes e transporte terrestre. No comércio, o ramo de varejo e reparação de objetos.
Origem do Capital Entre o primeiro semestre de 2008 e o de 2009, a proporção de anúncios vindos de empresas controladas por capital nacional diminuiu de 76,7% para 68,9%, enquanto a que envolve empresas estrangeiras elevou-se de 23,3% para 31,1%. Em termos monetários, os anúncios de investimentos nacionais reduziram-se quase à metade, US$ 12,1 bilhões para US$ 6,9 bilhões. Os anúncios estrangeiros praticamente não se alteraram - de US$ 3,7 bilhões para US$ 3,1 bilhões. Nestes, destacam-se os anunciados por empresas da União Européia: Espanha, Portugal, Inglaterra e Itália. Já os valores anunciados por empresas dos EUA, em geral os maiores, foram superados pelos europeus. Tal resultado, entre os piores para o peroído de seis meses, pode ser atribuído ao impacto negativo da crise econômica.
Tecnologia A Piesp classifica os setores que anunciaram investimentos segundo o grau de intensidade definido plea OCDE/Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico. Assim, quase 78% dos valores anunciados nos serviços estão associados à baixa intensidade tecnológica e 18,6% à alta tecnologia. Na indústria, também predominou a baixa intensidade tecnológica, com 49,1% do total do setor, embroa com pouca diferença em relação à participação da média-baixa intensidade tecnológica: 42,5%.
Tendências Regionais Em termos regionais, os maiores anúncios de recursos foram para as Regiões Metropolitanas de São Paulo e da Baixada Santista e as Regiões Administrativas de Campinas e São José dos Campos. Mais uma vez, a RMSP manteve a liderança entre as regiões paulistas, ainda que os investimentos tenham recuado quase 60% em relação a igual período de 2008 - de US$ 6,0 bilhões para US$ 2,4 bilhões. Sua participação no total do Estado variou de 38,0% para 24,6%, no mesmo período.
Os recursos anunciados dividiram-se igualmente entre os serviços e a indústria. Os serviços, que costumam ter a maior participação na região, sofreram intensa retração, tanto em valores absolutos - de US$ 5,3 bilhões para US$ 1,2 bilhão -, como em relativos - 89,1% para 48,5%. Os principais anúncios do setor vincularam-se às atividades imobiliárias - três shoppings, um em S. Bernardo do Campo e dois em São Paulo - e ao transporte terrestre - trens e metrô. Na indústria, o maior investimento anunciado foi no segmento de captação, tratamento e distribuição de água, pela Sabesp.
RMBS - os investimentos para a Região Metropolitana da Baixada Santista quase triplicaram, avançando de US$ 193,8 milhões para US$ 554,1 milhões. Essa alta vigorosa reflete essencialmente três anúncios vinculados à ampliação de terminais de carga, no Porto de Santos.
RA de Campinas - as inversões anunciadas para a Região Administrativa de Campinas passaram de US$ 1,4 bilhão para US$ 442,8 milhões, comparando os primeiros semestres de 2008 e 2009. A indústria representou mais de 60% desses recursos, sobretudo na captação, tratamento e distribuição de água, outros equipamentos de transporte, máquinas, aparelhos e materiais elétricos, mateiral eletrônico e equipamentos de comunicação.
RA de S. José dos Campos - para a Região Administrativa de S. José dos Campos, foram anunciados investimentos cujos valores correspondem a pouco mais de 1/5 do registrado no primeiro semestre de 2008, ao recuar de RS$ 955,8 milhões para US$ 213,5 milhões, em igual período de 2009. A participação da indústria foi de 86,1%, graças principalmente aos investimentos em metalurgia básica e eletricidade, gás e água quente.
Os relatórios detalhados da pesquisa constam no
siteSEP