Baseada em estatísticas de seu banco de dados, a Fundação Seade elaborou estudo sobre as mudanças no perfil da população do município de São Paulo nas décadas mais recentes.
A análise dessas informações demonstrou que, com aproximadamente 11 milhões de habitantes, a capital paulista é de longe a maior cidade brasileira, em termos demográficos e econômicos, concentrando 5,7% da população residente no país e 26,2% no Estado de São Paulo e respondendo, hoje, por 12% do Produto Interno Bruto do país e por mais de 35% daquele gerado no Estado de São Paulo. Seu PIB é superior ao de qualquer Estado brasileiro, exceto o do próprio Estado de São Paulo.
Há 60 anos, o Município de São Paulo ainda não era o maior do país, mas já disputava a primazia econômica e demográfica com o Rio de Janeiro, então capital federal. Foi ao longo da década de 1950 que São Paulo assumiu a liderança econômica e passou a ser o município mais populoso do Brasil - em 1950, a população paulistana já atingia 2,2 milhões de pessoas, representando 4,2% dos brasileiros e 24,1% dos paulistas, e o valor de sua produção industrial correspondia a quase um quarto da brasileira.
Hoje a população cresce a taxas de 0,59% ao ano, o que representa 10% daquela registrada na década de 1950, quando correspondia a 5,58%. Seu crescimento no passado foi intensamente influenciado pelo componente migratório, uma vez que o dinamismo econômico da cidade até os anos 1980 atraía pessoas originárias de todo o país, e pelas altas taxas de fecundidade de suas mulheres. Ao longo de todos esses anos, diversas características se alteraram e o perfil do paulistano mudou sensivelmente.
A densidade demográfica, representada pela relação entre número de habitantes e área do município, quintuplicou entre 1950 e 2010, ao passar de 1,44 mil hab/km^2 para 7,26 mil hab/km^2 . Nesse período, o número de domicílios ocupados na capital paulista elevou-se em oito vezes [de 455 mil para 3,6 milhões], mas a média de pessoas por domicílio diminuiu de 4,8 para 3,1, como reflexo da redução do tamanho das famílias.
As mulheres, tradicionalmente, compõem a maioria da população
paulistana. Ao longo dos últimos 60 anos, porém, sua participação se ampliou sensivelmente. Em 1950, havia 100 mulheres para cada 97 homens residentes na capital paulista. Hoje essa relação é de 100 para 90. A faixa etária em que estas diferenças se ampliaram é a que concentra a população idosa, com mais de 60 anos. Em 1950, havia 80 idosos para 100 idosas; agora tal relação corresponde a 70 para 100, o que reflete o aumento mais intenso do contingente feminino nesta faixa etária.
Ao longo desses anos, o padrão etário da população ficou mais maduro, dobrando a participação dos idosos no total da população e diminuindo em 5% a dos jovens com menos de 15 anos. A idade média dos habitantes da capital elevou-se em seis anos, ao passar de 27 para 33 anos. Em 1950, metade do contingente populacional encontrava-se nas idades inferiores a 24 anos, revelando uma população bem jovem. Hoje, tal concentração ocorre em idades até 32 anos, indicando uma população mais adulta. Tais mudanças se refletem, também, na relação entre a quantidade de idosos para cada 100 jovens, que subiu quase três vezes, de 18 para 49.
Diariamente, nascem, em média, 476 crianças de mães residentes no Município de São Paulo. Em 1950, esse número era de 169. Contudo, o indicador que relaciona número de nascimentos e de mulheres em idade fértil [entre 15 e 49 anos] - a taxa geral de fecundidade - apresentou redução relevante: passou de 94 para 57 nascidos vivos para cada mil mulheres nessa faixa etária, apontando importante redução na fecundidade.
Em 1950, os homens casavam-se, em média, com 27 anos e as mulheres, com 24. Hoje, a idade média ao casar elevou-se em cinco anos, tanto para os homens [32 anos] quanto para as mulheres [29 anos]. Além disso, a relação entre o número de casamentos e a população residente na capital paulista [taxa de nupcialidade] diminuiu de nove para seis casamentos por mil habitantes.
Atualmente, morrem na capital paulista, em média, 180 pessoas por dia,
contra 61 em 1950. No entanto, a relação entre o número de óbitos e a população residente [taxa de mortalidade] diminuiu de forma expressiva: de dez para seis óbitos por mil habitantes.
Há 60 anos, os óbitos infantis correspondiam a 25% do total de mortes em São Paulo. Hoje essa proporção não passa de 3%. Ao lado da mudança do perfil etário da população, tal retração se explica pela substancial queda da taxa de mortalidade infantil no período: de 90 óbitos de menores de um ano por mil nascidos vivos, em 1950, para 12 por mil, em
2008.
Em 1950, apesar de a população residente na cidade já ser predominantemente brasileira, ainda existia importante participação de pessoas de outras nacionalidades em sua composição. Naquele ano, do total de casamentos ocorridos em São Paulo, 12% incluíam pelo menos um
cônjuge estrangeiro. Hoje, tal proporção é de apenas 2%. Nessa mesma direção apontam outros indicadores. Por exemplo, a proporção de mulheres estrangeiras que tiveram filhos em 1950 sobre o total de nascimentos ocorridos naquele ano foi de 8,0%, contra os atuais 1,4%; ou a proporção de óbitos de estrangeiros no total de óbitos, que passou de 24% para 7%. Essas cifras mostram a progressiva e intensa redução na participação de estrangeiros na população paulistana.
Entre 1950 e 2010, os pais foram mudando a preferência nos nomes escolhidos para seus filhos nascidos na capital. Na metade do século XX, uma em cada quatro meninas aqui nascidas era chamada de Maria, das quais 10% chamavam-se Maria Aparecida. Os outros nomes mais frequentes eram Tereza ou Terezinha, Ana, Aparecida, Marlene, Neuza, Antonia, Josefa, Francisca e Luíza.
Encerrando a primeira década do século XXI, a escolha de nomes das meninas passou a ser outra. Embora Maria continue na liderança, concentra apenas 8% do total. Maria Eduarda aparece agora em metade dos nomes compostos com Maria, mas Maria Aparecida já não se encontra entre os preferidos. O segundo nome feminino mais frequentemente escolhido pelos pais é Ana, com participação de 7,4%, que também era um dos preferidos no passado. Porém os demais nomes que os pais atuais escolhem para suas filhas são totalmente distintos dos de antigamente: Júlia, Isabela, Beatriz, Sofia, Giovana, Iasmin, Vitória e Mariana.
Também para os meninos essa seleção mudou. Há 60 anos, os nomes
preferidos para os filhos eram José, com 13% dos nomes masculinos, seguido por Antonio, João, Luiz, Francisco, Manoel, Carlos, Pedro, Paulo e Nelson. Hoje, desse rol, mantêm-se apenas os nomes Pedro e João, que disputam as preferências dos pais com Gabriel, Gustavo, Mateus, Lucas, Guilherme, Vitor, Artur e Davi.
Fonte: Seade
Foto: Alexandre Diniz/SPTuris